
Às vezes, pergunto-me por que inventamos tantas guerras contra nós mesmos. Certo estava quem afirmou que nosso maior inimigo está dentro de nós. Queremos sempre encontrar um culpado para nossas dores, nossas decepções, nossos fracassos, mas, se pararmos para pensar, os únicos causadores de tudo isso são certos sentimentos que insistimos em cultivar.
Desde que uma mestra ensinou-me que todos os nossos sofrimentos (sem exceção) tinham sua origem em algum dos quatro medos principais (medo de perder, medo de enfrentar, medo do abandono e medo de morrer), a cada dor que surge, procuro sua origem em alguma dessas nascentes. Descobri que o segredo não está em eliminar a dor, mas sim, em eliminar o medo.
Mas... como acabar com um medo? É muito difícil, não é? Sim, é. E como é! Mas a boa notícia é que é possível.
Só que é preciso acreditar nessa possibilidade. Muitas vezes, para se conseguir essa façanha, é até necessário alterarmos alguns conceitos e convicções. Sei que para algumas pessoas isso também é muito difícil, mas, que tal abrir a cabeça para conhecer o novo e refletir um pouco sobre “coerência” ou sobre “quem inventou isso que aprendi”?
Um exemplo: o medo de enfrentar (convicção errônea: derrota = fracasso).
Por que o medo de enfrentar? É óbvio que o medo está focado no resultado. E no resultado de algo que ainda não aconteceu (futuro), ou seja, “medo do que não existe”. Conclui-se que ansiedade é a pretensão de querer adivinhar. É um dos sentimentos mais inúteis que podem existir.
Como podemos trabalhar isso? Usando o poder do mais santo remédio: o auto amor.
O auto amor tem um ingrediente que apelidei de BSP (Bancar a Si Próprio).
BSP nos ensina a sempre ficarmos ao nosso próprio lado, nunca nos condenarmos, nunca nos desacatarmos, nunca nos arrependermos, nunca nos criticarmos, nunca nos abandonarmos, nunca aceitarmos permanecer caídos, se impossível for impedirmos uma queda.
Diante de uma situação crítica, se eu me perguntar: “O que de PIOR pode me acontecer (mas o PIOR mesmo)? Ao obter a resposta, pergunto-me: “Se esse PIOR acontecer, o que farei por mim? Como eu me tratarei? Onde me colocarei? Será que, se o pior acontecer, serei capaz de encarar esse pior como um aprendizado e não como uma derrota? Serei capaz de acreditar que precisei daquilo para me fortalecer? Serei capaz de aceitar que a derrota somente está na cabeça de quem quer encará-la como um “fim”? Serei capaz de olhar para dentro de mim, erguer a cabeça e dizer-me: “Vem, vamos seguir em frente; mais um passo dado, mais uma lição aprendida. A coisa aconteceu, já passou, mas eu estou aqui – comigo! Eu, comigo, sempre!”
É bom acreditar que a vida é bela e que o sucesso pode não estar onde o enxergamos, que as alucinações que temos podem nos atrapalhar muito se não entendermos que são falsas. Às vezes, a vitória está, não no encerramento de um caso, mas na certeza de termos aprendido o que fazer com ele e de termos extraído dele aquilo que deveria ter sido nosso principal objetivo: termos conseguido aprender o BSP, pois o dia que tivermos nos diplomado nesse quesito, jamais a ansiedade encontrará o caminho para chegar até nós.
Quem escreve isto é alguém que ouviu, refletiu, assimilou, praticou e conseguiu. Minha prática foi adquirida ao enfrentar o medo de perder. Sei que tem alguém aqui que está precisando urgente aprender a perder o medo de enfrentar (deu até um trocadilho aqui... rs). A essa pessoa eu digo: o método é o mesmo. Ninguém precisa ser infalível, ninguém precisa ser perfeito, ninguém precisa ganhar todas. Todos têm o direito de se esquecer, todos têm o direito de errar, todos têm o direito de perder e, principalmente, todos têm o direito de “recomeçar”.
Se o “PIOR” acontecer, você terá uma das maiores vitórias de sua vida se conseguir BSP (Bancar a Si Própria)!!!
(O resto, será apenas ... o resto)
Sueli Benko