30 de jan. de 2013

Minhas raízes



A semente que me trouxe foi plantada nas profundezes da terra. Demorei a germinar e, antes de conhecer o tempo, antes de ver a luz, antes de me vestir de cores, abri caminhos entre pedras, entre trancos e barrancos, entre suspiros e dores.

Em meu primeiro dia de luz, havia chuva e vento, havia frio e calor, nuvens e também lua e sol no firmamento. Conheci de tudo um pouco e fui crescendo acanhada. Mas, muitas vezes, no entanto, fui pisada, fui ceifada. E no decorrer da minha vida, insisti, abri alas, renasci.

Por vezes, fiquei no escuro, no centro da terra pensando, sonhando, recuperando forças e descansando. Porém minhas raízes nunca desistiram de seguir em frente. Suas garras abriam caminho nas profundezas da terra sem descansar um momento, buscando vida, apoio, segurança e alimento. 

Cada vez, eu renascia mais forte, até que cresci no tempo e me espalhei na vida. E quando o vento chegava e arrancava minhas folhas, quando alguém machucava meu caule, meus galhos e arrancava minhas flores, lá embaixo, no entanto, estavam minhas raízes intactas, servindo de apoio, âncora e alento, para meus tombos e meus desencantos.


Hoje, o que o mundo vê, são as minhas folhas, meu caule, meus frutos e minhas flores, 
e com isso julga ser meu juiz. 
Porém, o mundo se engana, pois a mim mesmo ninguém consegue enxergar. 
Não sou folha, nem flores, nem caule e nem fruto, senhores. 
Sou, na verdade, apenas raiz.


Sueli Benko

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21 de jan. de 2013

E no desenrolar dos fatos...



... os próprios fatos se enrolam para que por si só possam se desenrolar.
E no desenrolar dos fatos, se prestamos atenção a eles,
veremos que nada acontece por acaso.
Muitas vezes, eles se transformam em:
atrasos, para que aprendamos a ter paciência,
inseguranças, para que conheçamos a independência,
perdas, para que aprendamos a dar valor,
ofensas, para que aprendamos a perdoar.
Como num quebra-cabeças,
as peças se espalham, se perdem e se acham
e, no desenrolar dos fatos,
se encaixam.
E assim, fato após fato,
é que vamos nos conhecendo.
E no desenrolar dos fatos...
... descobrimos se, afinal, aprendemos
(ou não).

Sueli Benko

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