21 de dez. de 2011

Sr. EGO

Imagem: caminhos da mudança.blogspot.com


Há dias venho sentindo vontade de falar sobre o “EGO”, esse nosso companheiro de quase uma vida inteira. Já sei, alguém deve estar dizendo “quase, não, de uma vida inteira, sim senhora”. Pois eu digo que não. Não acredito que tenhamos nascido com ele. Ele é formado por tudo aquilo que vamos aprendendo ao longo da vida, com quem nos rodeia, com os conceitos que vamos formando sobre tudo e sobre todos, ou seja, com a falsa verdade que, por ignorância, os outros nos passam.

O ego não é mau, ele apenas acredita que somos aquilo que pensamos que somos e nos faz agir como se fôssemos mesmo. Complicadinho, não é? Mas, é isso mesmo. Ele é tão convencido, orgulhoso e mimado, que sofre demais diante de qualquer descontentamento. E, como é cria nossa, acreditamos realmente que somos nós que estamos sofrendo. Mas, o sofrimento não é nosso, é dele. E, pensamos que somos ele.

Com isso, esquecemos de que somos algo muito superior, somos a “alma”. O dia em que conseguirmos fazer essa distinção, descobriremos como a vida é divina e como é divino viver. O ego, por ser um instrumento da mente, apresenta maior facilidade de contato. Por essa razão, o ouvimos muito mais facilmente. Mas, quando conseguimos colocar a “alma” acima dele... Ah! Não há quem nos segure e não há o que consiga nos magoar. Porque alma não sofre, porque alma não exige, alma não “precisa de... “. A alma é completa em si. É a centelha divina em nós.

A alma ama porque vive de amor, mas não o cobra porque ela já é amor.... em si. A alma dá pelo prazer de dar e não pela necessidade de receber. A alma pode amar a tudo, a todos e, principalmente a si. Mas, somente conseguiremos enxergar isso se a colocarmos no comando de nossas vidas.

Todavia, pela facilidade do contato com o ego, sempre o deixamos agir livremente e nos trazer todos os tipos de sofrimento, pois o orgulho é seu maior amigo e companheiro constante. É claro que ele também pode nos proporcionar algumas alegrias, mas alegria é diferente de felicidade. Felicidade vem de “realização” e somente quem tem competência para se realizar é a alma.

Quantas pessoas são prisioneiras de seu ego. Preferem sofrer, sofrer e sofrer, mas nem por um segundo concordam em dar o braço a torcer. Preferem a rigidez de suas convicções a enxergar o tamanho enorme da felicidade que têm pela frente. Negam-se a ter momentos felizes para, simplesmente, poder estar bem com seu ego egoísta, tolo e ignorante. Essa atitude é de uma pobreza total. Mais pobre ainda é quando a pessoa, mesmo visualizando novos caminhos, insiste em continuar assim sem se dar a chance de ser quem realmente é: um ser criado por uma Inteligência Divina, com tudo para ser feliz, mas que prefere fechar-se no casulo de sua ignorância, digo de seu ego.

Sueli Benko

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14 de dez. de 2011

Ilusão



De que era feito aquele teu amor jurado, 
intenso e eterno que, de repente, 
não mais que de repente, 
ao primeiro tropeço, 
se desmanchou em cinzas?
Dizias que não te importava 
por não ter sido o primeiro, 
mas de ser o último, 
não abrias mão. 
Que para isso, 
oferecias-me todos os teus momentos, 
todas as tuas juras e todo teu coração.
Não, não precisas responder. 
Era do mesmo material dos sonhos que acalentei, 
das sombras que percebi 
e das promessas que acreditei.
Não, não precisas responder.
Eu já sei.
Era tudo feito apenas de ilusão.

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7 de dez. de 2011

Solidão Feminina



Ontem eu levei uma bronca da minha prima. Como leitora regular desta coluna, ela se queixou, docemente, de que eu às vezes escrevo sobre “solidão feminina” com alguma incompreensão.

Ao ler o que eu escrevo, ela disse, as pessoas podem ter a impressão de que as mulheres sozinhas estão todas desesperadas - e não é assim. Muitas mulheres estão sozinhas e estão bem. Escolhem ficar assim, mesmo tendo alternativas. Saem com um sujeito lá e outro aqui, mas acham que nenhum deles cabe na vida delas. Nessa circunstância, decidem continuar sozinhas.

Minha prima sabe do que está falando. Ela foi casada muito tempo, tem duas filhas adoráveis, ela mesma é uma mulher muito bonita, batalhadora, independente - e mora sozinha.

Ontem, enquanto a gente tomava uma taça de vinho e comia uma tortilha ruim no centro de São Paulo, ela me lembrou de uma coisa importante sobre as mulheres: o prazer que elas têm de estar com elas mesmas.

“Eu gosto de cuidar do cabelo, passar meus cremes, sentar no sofá com a cachorra nos pés e curtir a minha casa”, disse a prima. “Não preciso de mais ninguém para me sentir feliz nessas horas”.

Faz alguns anos, eu estava perdidamente apaixonado por uma moça e, para meu desespero, ela dizia e fazia coisas semelhantes ao que conta a minha prima. Gostava de deitar na banheira, de acender velas, de ficar ouvindo música ou ler. Sozinha. E eu sentia ciúme daquela felicidade sem mim, achava que era um sintoma de falta de amor.

Hoje, olhando para trás, acho que não tinha falta de amor ali. Eu que era desesperado, inseguro, carente. Tivesse deixado a mulher em paz, com os silêncios e os sais de banho dela, e talvez tudo tivesse andado melhor do que andou.

Ontem, ao conversar com a minha prima, me voltou muito claro uma percepção que sempre me pareceu assombrosamente evidente: a riqueza da vida interior das mulheres comparada à vida interior dos homens, que é muito mais pobre.

A capacidade de estar só e de se distrair consigo mesma revela alguma densidade interior, mostra que as mulheres (mais que os homens) cultivam uma reserva de calma e uma capacidade de diálogo interno que muitos homens simplesmente desconhecem.

A maior parte dos homens parece permanentemente voltada para fora. Despeja seus conflitos interiores no mundo, alterando o que está em volta. Transforma o mundo para se distrair, para não ter de olhar para dentro, onde dói.

Talvez por essa razão a cultura masculina seja gregária, mundana, ruidosa. Realizadora, também, claro. Quantas vuvuzelas é preciso soprar para abafar o silêncio interior? Quantas catedrais para preencher o meu vazio? Quantas guerras e quantas mortes para saciar o ódio incompreensível que me consome?

A cultura feminina não é assim. Ou não era, porque o mundo, desse ponto de vista, está se tornando masculinizado. Todo mundo está fazendo barulho. Todo mundo está sublimando as dores íntimas em fanfarra externa. Homens e mulheres estão voltados para fora, tentando fervorosamente praticar a negligência pela vida interior - com apoio da publicidade.

Se todo mundo ficar em casa com os seus sentimentos, quem vai comprar todas as bugigangas, as beberagens e os serviços que o pessoal está vendendo por aí, 24 horas por dia, sete dias por semana? Tem de ser superficial e feliz. Gastando - senão a economia não anda.

Para encerrar, eu não acho que as diferenças entre homens e mulheres sejam inatas. Nós não nascemos assim. Não acredito que esteja em nossos genes. Somos ensinados a ser o que somos.

Homens saem para o mundo e o transformam, enquanto as mulheres mastigam seus sentimentos, bons e maus, e os passam adiante, na rotina da casa. Tem sido assim por gerações e só agora começa a mudar. O que virá da transformação é difícil dizer.

Mas, enquanto isso não muda, talvez seja importante não subestimar a cultura feminina. Não imaginar, por exemplo, que atrás de toda solidão há desespero. Ou que atrás de todo silêncio há tristeza ou melancolia. Pode haver escolha.   

Como diz a minha prima, ficar em casa sem companhia pode ser um bom programa - desde que as pessoas gostem de si mesmas e sejam capazes de suportar os seus próprios pensamentos.

Repasse para suas amigas, especialmente para as que não sabem fazer  sua "solidão contente!" e para seus amigos entenderem e valorizarem a riqueza interior de certas mulheres comparada aos homens.

Ivan Martins (Editor-executivo da Revista ÉPOCA)

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Minha irmnã enviou-me esse texto ontem, com o seguinte comentário:
"Parece que isso tem a sua cara".
Ela acertou. Realmente é a minha cara!
Amei, por isso divido aqui com vocês.
Abração apertado para todos.
Sueli

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3 de dez. de 2011

Conhecendo as redondezas



Hoje tive uma manhã atípica. Resolvi dar umas voltas pelo meu bairro. Não que eu nunca faça isso, mas hoje foi diferente: fui à pé. Sim, caminhei durante uma hora e fiquei impressionada com o monte de descobertas. Mudei-me para cá há alguns meses, mas não conhecia quase nada ainda pelos arredores. E descobri tantas coisas que eu nem imaginava que poderia encontrar por aqui. Descobri dois sapateiros (fiquei muito feliz com isso, pois a profissão de sapateiro está em extinção, eu acho), um depósito de embalagens e artigos para festas, um açougue com ótimos preços (o filé mignon a 28,00/kg), três perfumarias, uma adega,  trocentos salões de beleza, trocentas lojas de material para construção, uma casa de artigos comestíveis nordestinos (vendem até feijão de corda, então vou poder fazer baião de dois), etc. Descobri até um ponto final de ônibus que vai até Pinheiros.  Ah! Passei por uma casa que tinha no varal uma toalha de praia com o distintivo do TIMÃO e fiquei imaginando que ali deveria morar pelo menos um corinthiano (será que estaria, como eu, apreensivo com os jogos de amanhã?...)

Passei por uma rua estranha, com uma energia muito pesada e imaginei como deveria ser horrível morar ali. Em compensação, cheguei num lugar bem alto, bonito e, ao me virar, avistei o prédio que moro, ao longe. E, se eu não morasse ali, eu teria pensado, com certeza: “Ah! Como eu gostaria de morar naquele lugar”. Foi muito gostoso confirmar que hoje eu moro exatamente onde eu gostaria de morar.

Na próxima vez, vou conhecer o outro lado...

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