11 de jan. de 2009

Aprendendo a perdoar



Alguém me pediu para escrever sobre o perdão. Não que eu me julgue alguém competente no assunto, nem tenho cátedra para isso, mas, aceitei escrever, simplesmente como alguém que já aprendeu a perdoar.

Por haver aprendido sobre o amor, por haver entendido a vida e suas manobras quando deseja nos ensinar algo, por saber que nada acontece por acaso, por acreditar que semelhante atrai semelhante e, finalmente, por ter comprovado que existe a lei da projeção*, eu não tenho dificuldade alguma para perdoar quem quer que seja. Digo mais: nem me lembro da última vez que precisei fazê-lo. Simplesmente não tenho tido motivos para ter que perdoar, porque não tenho dado mais aos outros o poder de me ferir.

Na verdade, não mais acredito que as pessoas têm o poder de nos magoar. Nós, sim, é que nos magoamos com as coisas que as pessoas fazem, pois está em nós o poder de decisão: se aceitamos a ofensa ou se simplesmente a ignoramos. Na verdade, sou da opinião que seria melhor treinarmos a não aceitar ofensas, pois teríamos muito menos, ou quase nada, a perdoar.

“Falar é fácil. Isso é muito difícil!”. Aposto que é o que todos me dirão. E eu respondo: “Realmente, é muito difícil! É óbvio que é muito difícil!”. Acontece que esta vida tem um sentido. Não estamos aqui por nada. Estamos aqui para aprender algo. A vida é como se fosse uma escola. Se algo é fácil, é porque já sabemos. Tudo o que não sabemos, é difícil, mas é difícil enquanto não aprendemos. Lembro-me de que, antes de ter minha carteira de habilitação, eu achava que dirigir um veículo seria difícil demais. Hoje, acho muito fácil. Óbvio, hoje já sei.

Não me interessa aprender coisas fáceis. Quero e devo aprender o difícil. Sei que perdoar é difícil, mas é difícil para quem ainda não sabe. Aliás, se eu não soubesse perdoar, estaria em maus lençóis, pois existe uma pessoa que fez (e faz) tantas, mas tantas coisas com as quais tanto sofri nesses últimos anos (e como sofri...!), mas nem tive necessidade de perdoar, pois por nenhum momento sequer odiei essa pessoa. Quando entendo que ela continua fazendo as mesmas coisas e que já não sofro, só posso agradecê-la, pois foi ao seu lado que aprendi a não dar o poder para os outros me fazerem sofrer. Precisei dela para aprender, pois sem alguém provocando meu sofrimento, digam-me, como eu poderia ter certeza que aprendi? A situação, hoje, é a mesma de alguns anos atrás, mas com a grande diferença: hoje não sofro. Por esta razão, tenho certeza que logo, logo, essa pessoa não fará mais parte de minha vida, pois sua missão terá terminado (ou então, continuará fazendo, mas representando um novo papel).

Se você quer aprender a perdoar, entenda que “é preciso” que alguém lhe dê motivos para que você tenha que perdoar. E o motivo é justamente uma ofensa, uma mágoa, um desacato, ... sei lá.
Está cientificamente provado que mágoa guardada gera problemas sérios para a saúde. Não para a de quem provoca a mágoa, mas sim, para a de quem a sente. Aí é que entra o amor. Amor ao próximo? Pode ser, mas somente após amar a si próprio. Amar-se é querer o seu próprio bem, acima de tudo (e de todos) e quem quer seu próprio bem, tem que aprender a trocar o ódio pelo amor.

Amar a quem não nos faz mal é muito fácil. Conseguir amar àquele que nos mostrou termos descuidado de nós mesmos, não é nada fácil, não. É muito difícil enfrentar a verdade, mas depois que aprendemos... fica fácil.

Se for verdade ou não que a falta de perdão pode provocar um câncer, como temos ouvido falar, por via das dúvidas, é melhor perdoar. E perdoar não significa concordar com o que a outra pessoa fez, mas entender que precisávamos daquilo para aprender alguma lição. Baseados nesta verdade é que existem muitos ensinamentos, especialmente os orientais, que nos ensinam a amar e agradecer aos nossos inimigos. Eles são nossos mestres , ou, pelo menos, os instrumentos de nossa maior mestre: a vida.

Outro dia, ouvi uma frase espetacular que posso adequar a este assunto: “O grande aprendizado não está nas ofensas que recebemos, mas no que aprendemos a fazer com elas”

Sueli Benko
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*lei da projeção = enxergar no outro o seu próprio defeito, espelhar-se no outro, artimanha usada pela vida para nos fazer enxergar no outro o nossos próprio defeito, já que não conseguimos olhar para nós próprios.
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(inspirado também em citações de L.A.Gasparetto)

12 comentários:

Ana disse...

É Sueli, acho que você está certa, a grande sacada é entender a situação toda como um aprendizado... Só não sei se estou sendo uma boa aluna na escola da vida, acho que ainda não cheguei a esse grau de evolução e desprendimento...

A pessoa a quem devo perdoar já se foi e mandou um recado para que o perdoasse, pois [papai] precisa disso para evoluir no plano espiritual. No entanto é tão complicado, ele nos maltratou tanto, psicologicamente falando, que ás vezes acho que tudo seria bem mais fácil se tivesse sido fisicamente. Sei que isso aconteceu dessa forma porque tinha que acontecer – lei de causa e efeito – e a doutrina espírita tem me ensinado muitas coisas, só que ainda não consegui ver toda essa situação com “bons olhos”, meu coração dói e sangra tanto... E a possibilidade de perdoá-lo parece ficar cada vez mais longe.

Esses dias tenho refletido muito na coisa toda e ainda não cheguei a uma solução, já chorei, já rezei, já pedi auxilio aos meus mentores... E nada... Espero encontrar a resposta logo para o bem dele, e principalmente o meu próprio – os fantasmas continuam a rondar...

Com certeza a chave está na frase que você bem colocou “O grande aprendizado não está nas ofensas que recebemos, mas no que aprendemos a fazer com elas”...

Obrigada por tudo.
Beijo grande

Anônimo disse...

Sueli você se superou neste texto, não sei de quem partiu o pedido para que você tornasse para muitos o que sintetiza o pensamento e deseo maior do Criador: saber amar é saber perdoar! Tudo aqui colocado representa a iluminação dos autênticos na FÉ que praticam, realmente amiga , não há mérito algum em amar o belo, o bom, o perfeito e por aí vai, o valor intrinseco da prática do compreender e de se amar em primeiro lugar é que faz a diferença. É nisto que consite o tão propalado livre arbítrio-SABER ESCOLHER o momento da renovação ouvindo a consciência e crendo que somos filhos de Deus. Lindo texto e profundo para os que aceitam que ÊLE orienta a nossa vida. Tenho orgulho de você.Beijos, Clau

Ana Luiza F. disse...

Como amiga-irmã-comadre e tudo o mais, tive o privilégio de ouvir ao vivo, todos estes ensinamentos, todas estas lições... e tudo, acompanhado de um sorriso doce e uma taça de vinho seco! Faço parte da "turma" que acha difícil o gesto... talvez, não de perdoar mas, muito mais, de não permitir que me magoem as ofensas dos outros. Ainda pertenço ao grupo que se magoa fácil, que sofre à beça, que chora muito. Porém... como minha amiga querida, é a Rainha da Paciência, teremos ainda muitas noites (ou, manhãs), seja com vinho ou com café, pra que o trabalho árduo de me ensinar o que não sei, continue. Como sempre, belíssimo texto amore! Bom domingo. Beijão e abraço de ano novo!

Claudia Balsabino disse...

Tema difícil este em mãezinha..., mas vamos lá..., eu penso que o nosso conceito de perdão está ligado intimamente a alguns conceitos arraigados(hum, te surpreendi agora, né? rs!) em nós erradamente..
Aprendemos que o perdão é coisa de gente fraca e que “não se deve levar desaforo pra casa”...
Que perdoar significa ceder e aceitar tudo que nos foi feito..
Partindo do princípio que somos seres imperfeitos perceberemos que o erro é condição humana..
Quando citamos que nos desiludimos com esta ou essa pessoa foi simplesmente porque exigimos dela uma perfeição constante...
Se aceitarmos as pessoas como elas são, diminuiremos o grau de cobrança que depositamos no outro..., e consequentemente vamos conseguir pedoar com mais facilidade!
Um beijo!!
Clau

Anônimo disse...

Amiga, só tenho a dizer que cada vez que eu me deixar magoar, me ferir, me ofender, virei aqui reler teu texto.
Amei muito, tudo, tudo.
Beijão no seu coração, e obrigada por me mostrar coisas tão lindas.

Anônimo disse...

Muito bacana o texto, meus parabéns!
Ah! a diagramação do blog também ficou muito bacana.

Bjs

Cadinho RoCo disse...

Costumo dizer que para perdoar antes precisamos culpar. O que de certa maneira vai de encontro a esta publicação que mostra haver toda pertinência no perdão para o bem do amor que devemos cultivar em nós mesmos.
Do seu comentário no Cadinho, penso ter contribuído para que tenha seu sonho de ter uma caricatura da silhueta realizado.
Cadinho RoCo

Cadinho RoCo disse...

O impacto de um olhar pode ser fulminante.
Cadinho RoCo

Anônimo disse...

Amiga querida mil desculpas pela ausencia estava viajando so voltei ontem...e cheia de novidades...tb resolvi mudar de casa e começar o ano de 2009 com renovaçoes..rs
Qdo puder venha conhecer meu novo lar ok..rs
Bjossss mil cheio de saudades

Anônimo disse...

Um brinde pelo belíssimo texto, Sueli. E sinceramente? Saber que você é assim não me surpreendeu. Um beijo grande, moça sábia. E um ano de realizações!

Anônimo disse...

Está aí uma bela lição, Su!
...
Passe lá no meu blog e deixe seu comentário!!!

Anônimo disse...

Faço minha as palavras de Maria Claudete, pois você não só se superou, como cnseguiu ajudar muitas outras pssoas, e quem sabe quantas ainda irão ler e por meio do que leram entendam que o principal de tudo é saber se amar....